Quem nunca teve um dia ruim? Quem nunca acordou com muitos problemas para resolver, com algum problema de saúde, ou simplesmente de mau humor? Dias ruins. Eles são a dificuldade e o motivo de ira de algumas pessoas. Em um mesmo dia, várias pessoas morrem, várias perdem o emprego, várias se divorciam e várias são assaltadas. Não de um de modo majoritário, mas ainda assim, são várias.
O “amanhã será outro dia”, nem sempre é lembrado. Ou simplesmente não é tomado como uma possibilidade pela maioria das pessoas.
Dias ruins. Todos têm, mas quase ninguém consegue administrar.
Dias ruins. Exige paciência, que é justamente o que falta hoje. As pessoas não podem esperar alguns minutos na fila de um banco, ou em um engarrafamento. Todos os dias, milhares de pessoas vão para a fila do banco para pagar contas. É notório que haverá mais clientes que funcionários, e é notório que o atendimento será lento, assim como o trânsito.
O que falta é compreensão. Hoje, qualquer coisa, até mesmo uma só palavra pode mudar todo o dia de alguém, e na maioria das vezes, para pior.
Quem nunca leu o clássico Polyanna, de Eleanor Hodgman Porter, não sabe, obviamente, jogar o jogo do contente. O jogo do contente é o jogo da menina Polyanna, que consiste em ficar contente a qualquer custo. Não importa se a situação é boa ou ruim, o objetivo é sempre encontrar um motivo para ficar contente.
Não se deve, portanto, exigir-se mais do que se pode ter. Não se pode ter mais do que se precisa ter, quando muitos queriam ter pelo menos a metade.
As pessoas que se estressam por nada na fila do banco ou no trânsito, são pessoas, em geral, que trabalham, têm uma vida estável, têm poder aquisitivo. E sempre reclamam daquilo que têm.
Já as pessoas carentes, que vivem da simples e honesta caridade dos outros, sabem jogar o jogo do contente muito bem. Se essas pessoas não têm roupas para vestir, ficam contentes por ganhar roupas usadas e já muito velhas. Se essas pessoas não têm o que comer, ficam contentes por receber o alimento mais recusado pela alta classe, e por ela, considerado indigno de ser ingerido.
As pessoas deveriam jogar o jogo do contente, ou, pelo menos, saber que ele existe. Assim, elas seriam mais gratas pelo que têm, e não achariam que a vida é uma droga somente porque demoraram a serem atendidas em um banco ou se atrasaram para um compromisso por causa de um engarrafamento.
Aquela pessoa que sabe jogar o jogo do contente fica feliz por estar na fila de um banco, o que indica que tem algum vínculo com o dinheiro. Ou por estar em um engarrafamento, por ter um carro. Parece um absurdo ficar contente por tudo, mas jogar esse jogo, aparentemente, aplausível, melhoraria bem o humor das pessoas, ajudaria nas relações interpessoais e a sociedade seria mais madura e otimista para tomar decisões, fazer planos, e enfrentar problemas.
Mas infelizmente, a sociedade reclama por tudo, e acha que a culpa é sempre alheia. Precisa-se de sorrisos. Precisa-se de “bom-dia”, precisa-se de humor. Precisa-se que saibam jogar o jogo do contente.
Dias ruins todos têm. Mas ainda que ruim, é um dia. Mais um dia de vida. E só isso já é motivo para ficar contente.
O mundo será melhor quando as pessoas aprenderem a jogar esse jogo. Como diria Renato Russo, “Quem me dera ao menos uma vez, provar que quem tem mais do que precisa ter quase sempre se convence que não tem o bastante e fala demais por não ter nada a dizer”.
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